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Sobre o curso

Hannah Arendt é uma filósofa da reconstrução. Em meio ao caos em que a humanidade estava mergulhada na primeira metade do século XX (duas guerras mundiais, revoluções, genocídios), a filósofa alemã, que vivenciou na carne toda essa desordem, tentava compreender aquilo que desafiava (e desafia) a nossa inteligência: o nascimento do fascismo e do totalitarismo. Com esse desafio, Arendt coloca no centro de seu pensamento a tentativa de reconstruir os sentidos da experiência humana que haviam se perdido nos escombros do mundo dominado pelo ódio. A experiência da cidade, da política, da dignidade, da cidadania, dos direitos precisavam ser ressignificadas. O desumano se torna possível quando o mundo dotado de significados vai à ruína. Como reinventar um mundo que supere essa desordem? Essa é a pergunta que perpassa toda a filosofia de Arendt. Em meio ao caos que ainda não foi superado, o mundo contemporâneo deve lidar com essas questões, pois elas continuam dramaticamente nossas. Um mundo de refugiados, violências, muros, campos, ódio, intolerância, são realidades que permanecem ferindo a humanidade de maneira profunda. A filosofia de Arendt, que sendo mulher, judia, militante em plena Alemanha nazista, lida com essa gama de problemas sofridos na pele, não em um céu imóvel de ideias, mas nos escombros de um cidade perdida, que tenta desesperadamente reabilitar. Imigrante, apátrida, estrangeira. Hannah Arendt foi tudo isso por mais de dez anos. O curso pretende, a partir da filosofia de Arendt, pensar um pouco a realidade contemporânea que insiste em não superar seus dramas vividos desde o século passado.

Hannah Arendt nos oferece, corajosamente, ferramentas para pensarmos a tragédia da contemporaneidade à luz de uma razão que nos guie para a ação política e para a liberdade que a caracteriza.

 

O curso tem certificação de 10h.

Conteúdo programático:

- A vida de Hannah Arendt

- O cenário filosófico dos anos 1920 na Alemanha

- Os pensamentos e a experiência

- O retorno à experiência

- A influência da fenomenologia

- As relações com a modernidade

- O conceito benjaminiano de história

- Compreensão e reconciliação com a realidade

- Paixão pelo mundo e fome de vida

- O terror totalitário

- Pensamento racial como opinião; Racismo como ideologia

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- Ressignificando o totalitarismo

- A perda da espontaneidade e os três pilares do inferno

- Ideologia e Terror; solidão e desolação

- Natureza humana e perda do mundo

- A destruição do espaço público e da pluralidade

- Cidadania e o “direito a ter direitos”

- O “fenômeno” da fala e o mal radical

- Animal Laborans e a saciedade do metabolismo

- A Condição Humana e o Amor Mundi

- Trabalho, obra e ação (Labor, work and action)

- Perda do mundo compartilhado e a “moderna alienação do mundo”.

- A influência de Marx

- A indistinção entre o público e o privado

- Crítica ao conceito de Werfen heideggeriano

- Eichmann em Jerusalém

- O julgamento como espetáculo

- Banalidade do mal e uso do juízo

- Juízo como pensamento de singularidades

- Discurso e revelação

- O sentido da política é a liberdade

O curso será ministrado pelo Prof. Me. Diego Azizi, graduado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Mestre em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com ênfase em história da filosofia moderna e ética e filosofia política. Pós-graduado (especialista) em Ciência Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP). Doutorando em Filosofia pela UFPR (Universidade Federal do Paraná). Atuou durante cinco anos como docente dos cursos de graduação da Faculdade Mundial. Atuou como coordenador dos cursos de comunicação da Faculdade Mundial. Atuou também como professor de Filosofia e Sociologia no Ensino Médio. Foi professor colaborador dos cursos de graduação da UNICENTRO (Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná) e professor da Universidade Católica de Santos. Professor de pós-graduação da UNIFAI. Diretor e professor do Instituto Welt_Abaeté. Membro dos grupos de pesquisa "Estudos do Idealismo - GPEI (UNESP)", "História da Filosofia (UNICENTRO)" e "Ética, Política e Cidadania (UNICENTRO)".

Link para o lattes: http://lattes.cnpq.br/0411571979996806

 

Bibliografia:

ADLER, L. Nos passos de Hannah Arendt. Rio de Janeiro: Record, 2007

AMIEL, A. Hannah Arendt, política e acontecimento. Lisboa: Instituto Piaget, 1997.

ARENDT, H. A condição humana Rio de Janeiro, São Paulo: Forense Universitária, Edusp, 1981.

ARENDT, H. A dignidade da política ensaios e conferências Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1993.

ARENDT, H. Eichmann em Jerusalém. Um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

ARENDT, H. Entre o passado e o futuro São Paulo: Perspectiva, 1972.

ARENDT, H. Homens em tempos sombrios São Paulo: Cia. das Letras, 1987.

ARENDT, H. Origens do totalitarismo São Paulo: Cia. das Letras, 1989.

ARENDT, H.; JASPERS, K. Correspondence 1926-1969 Edited by Lotte Köhler and Hans Saner. Trans. Robert and Rita Kimbel. New York: Harcourt, Brace, Jovanovich, 1992.

BERNSTEIN, R. “Did Hannah Arendt change her mind? From radical evil to the banality of evil”. In: MAY, Larry & KOHN, Jerome (eds.). Hannah Arendt: twenty years later. Cambridge: The MIT Press, 1997.

BERNSTEIN, Richard. Por que ler Hannah Arendt hoje? Trad. e apresentação de Adriano Correia, Nádia Junqueira Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2021.

CORREIA, A. Hannah Arendt e a modernidade: política, economia e a disputa por uma fronteira. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2014.

DUARTE, André. Hannah Arendt e o pensamento político sob o signo do amor mundi. In: YUNES, Eliana (Org.) Mulheres de palavras. São Paulo: Edições Loyola, 2003

KRISTEVA, J. Hannah Arendt, life is a narrative Trans. Frank Collins. Toronto: University of Toronto Press, 2001.

LAFER, C. A reconstrução dos direitos humanos São Paulo: Cia. das Letras, 1988.

LAFER, Celso. Hannah Arendt: pensamento, persuasão e poder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

LOIDOLT, S. Phenomenology of plurality: Hannah Arendt on political intersubjectivity. Routledge: 2019.

NOVAES, A .C.; BERNSTEIN, R. “Pensar sem apoios: uma entrevista com o Prof. Richard J. Bernstein”. Cadernos de Filosofia Alemã. Vol. 21, nº 1, 2016, pp. 183-189.

PAREKH, S. Hannah Arendt and the chalenge of modernity: A phenomenology of human rights. Routledge: 2009.

YOUNG-BRUEHL, E. Hannah Arendt, por amor ao mundo Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1997.

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